terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Psicologia: o estudo da alma

Usa-se o termo "psicologia" de muitas maneiras no cotidiano, porém essas formas de falar sobre não necessariamente se referem à Psicologia como um campo do saber, mas sim a um entendimento do senso comum acerca dela.
Usualmente tratada como uma unidade, a Psicologia é considerada por alguns como a fórmula mágica para apreender o ser humano e sua mente, da mesma forma que o psicólogo, no entendimento popular, é o profissional que dá conselhos, ensina caminhos e, é claro, que pode compreender tudo o que passa na cabeça dos pacientes. 
E mais, por ter estreita relação com a Psiquiatria, pensa-se que só vai a um consultório de Psicologia a pessoa que apresenta algum transtorno mental, reforçando a ideia de que psicólogos e psiquiatras só atendem "doidos". 
O fato é que, mesmo considerando a sabedoria do senso comum, pode-se afirmar que não é exatamente a isso que a Psicologia e os profissionais da área se propõem. 
Em princípio, vale destacar que esse campo do saber apresenta uma variedade enorme de intervenções e visões acerca do ser humano e suas relações. Como destacado no livro História da Psicologia: rumos e percursos, não existe uma singularidade nem mesmo no surgimento da Psicologia, posto que há inúmeras formas de pensá-la e concebê-la, bem como de intervir e praticar no que se entende por "campo psicológico". 
Tal argumentação se traduz nas diversas abordagens da Psicologia e suas formas de intervenção sobre o sujeito que sofre. Dentre tantas, podemos citar algumas já bastante conhecidas, como a Gestalt, a Psicanálise, a Psicologia Social, o Behaviorismo e a Psicologia Cognitiva, as quais, mesmo estando dentro do que entendemos por Psicologia, possuem visões e intervenções sobre os pacientes às vezes semelhantes e outras completamente opostas. E além disso, mesmo estas linhas possuem outras "dentro" delas.
Outro ponto interessante é que até o objeto de estudo da Psicologia pode variar. Como assevera Bock et. al. (2001), se perguntarmos a um psicólogo comportamental sobre isso, ele responderá que o objeto de estudo da Psicologia é o comportamento, assim como um psicanalista dirá que é o inconsciente.  Por isso e muitas outras questões, considera-se que grande parte do saber psicológico não pode inserir-se no paradigma da ciência moderna.
Isso não significa, porém, que não possamos tratar a Psicologia como uma ciência ou que suas abordagens e visões de mundo não possam ser consideradas científicas. De maneira alguma a prática psicológica pode confundir-se com adivinhação ou misticismo. 
A Psicologia é, na verdade, dotada de longa história, muitas teorias e vários teóricos. Uma profissão regulamentada no Brasil há quase 58 anos e que vem se transformando ao longo do tempo, assim como o próprio ser humano. 
Assim, sua contribuição para as diversas áreas do conhecimento é ímpar, posto que faz surgir reflexões mais complexas e profundas sobre o próprio cotidiano, o superficial, o normal e o patológico. A prática psicológica é plural e onde existirem pessoas será possível que o psicólogo atue.

Referências:

JACÓ-VILELA,  Ana Maria; FERREIRA,  Arthur Arruda Leal; PORTUGAL, Francisco Teixeira. História da psicologia: rumos e percursos. Rio de Janeiro: Nau, 2006. 598 p.

BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria De Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva, 2001. 490 p.