terça-feira, 7 de abril de 2020

É possível ter uma doença no corpo com causa psicológica?

Temos o costume de pensar que se estamos com determinado sintoma ele, com certeza, terá uma lesão orgânica que o justifique. Porém, para a nossa surpresa, às vezes vamos ao médico com toda uma sintomatologia e ele nos diz: "É só psicológico!". Nesse momento não sabemos se ficamos aliviados ou mais preocupados ainda porque continuamos com os sintomas e sofremos com eles, mas pelo menos não estamos fisicamente doentes.
O que também é muito comum é passarmos por determinada situação geradora de desequilíbrio emocional e algum tempo depois apresentarmos alguma doença. Vamos ao médico e ele também nos diz: "É psicológico!". E nós vamos embora sem saber muito bem o que fazer com isso, fisicamente doentes e com alguns remédios para comprar.
Aqui temos a diferença entre somatização (1º caso) e doença psicossomática (2º caso). Na primeira situação a pessoa tem sintomas físicos, porém não há exame que os comprovem; e na segunda, a pessoa tem sintomas físicos atestados por exames, porém estes foram ocasionados por algum evento que incitou forte emoção no paciente. O fato é que ambos os casos denotam a relação estreita entre corpo e mente e a necessidade de se dar atenção aos aspectos psicológicos nas doenças.
Há uma frase famosa em termos de estudos sobre Psicossomática, na qual Perestrelho(1964 apud MELLO FILHO et al., 2010)afirma que não se deve dizer que existem doenças psicossomáticas, mas sim que todas as doenças são psicossomáticas. E, se avaliarmos bem, mesmo que não haja uma causa psicológica para a origem de uma doença física, esta terá repercussões psicológicas. Por exemplo: alguém que tem câncer pode apresentar várias reações emocionais ao diagnóstico e poderá, até mesmo, desenvolver transtornos psicológicos à partir da descoberta. E não só o câncer, mas também as alergias, gastrites, insônias, gripes, diarreias e etc.
E, para finalizar, vale ressaltar que não é porque você tem ou conhece alguém que tenha uma “doença psicológica” que o tratamento pode ser dispensado. Aquilo que é psicológico pode ter efeitos muito sérios no que é físico. Existem doenças psicossomáticas que podem levar o indivíduo a morte e, por isso, a pessoa precisa de acompanhamento. E não só de um médico, mas também de um psicólogo. Da mesma forma acontece com as somatizações: como dito anteriormente, temos a infeliz ideia de considerar que apenas aquilo que pode ser visto ou localizado no corpo merece atenção e não é bem assim. Nossa mente tem tanto efeito sobre o corpo quando o contrário e por isso não se pode negligenciar tais casos. Corpo, mente e social interagem-se constantemente. Lembre-se disso.


Referência:

MELLO FILHO, Julio de. Psicossomática Hoje, 2ª ed, Artmed, 2010.

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